Nossa memória tem níveis diferentes de conservação temporal dos dados adquiridos. Alguns deles dissipam-se com a passagem dos anos, outros são mais difíceis de detetar, enquanto determinadas informações ficam meio apagadas e são arduamente reconstituídas.
Atualmente os psicólogos afirmam que a memória está essencialmente dividida em dois tipos; estes conforme a sua extensão no tempo, as atividades do cérebro envolvidas no processo, o grau de conservação e os mecanismos neurológicos inclusos nesta operação. Dentro destes tipos de memória, existem também algumas componentes, as quais também serão abordadas.
Memória a curto prazo
Memória que, como o nome sugere, retém a informação durante um período limitado de tempo, podendo ser esquecida ou passar para a memória a longo prazo. Na memória a curto prazo distinguem-se duas componentes: a memória imediata e a memória de trabalho.
Memória Imediata: o material fica retido durante uma fração de tempo (cerca de 30 segundos), para posteriormente ser esquecido.
Memória de trabalho: neste tipo de memória mantemos a informação enquanto ela é útil. A memória de trabalho reporta as atividades mentais em que o objetivo não é a sua memorização, mas que, não obstante disso, implicam uma certa memorização para se poderem aplicar de modo eficaz. Este tipo de memória é utilizada, por exemplo, quando a professora pede que no dia seguinte cheguemos uma hora mais cedo, mantemos na memória esta informação, que irá ser esquecida depois de termos cumprido o pedido, ou seja, depois de chegar uma hora mais cedo. Conclui-se que se chama memória de trabalho à atividade de armazenamento e de utilização de informação ligada especificamente à realização de uma tarefa (um tipo de memória que trabalha).
Qualquer informação que tenha estado na memória a curto prazo e que se perca, estará perdida para sempre, só se mantendo se passar para a memória de longo prazo.
Memória a longo prazo
Este tipo de memória é nutrida pelos materiais da memória a longo prazo que são codificados em simbolos. A memória a longo prazo retém os materiais durante horas, meses ou toda a vida.
Na memória a longo prazo há diferentes modalidades de armazenamento da informação para diferentes registos: visual, auditivo, tátil e ainda da linguagem do movimento, e visto que as memórias com origens diferentes são armazenadas em áreas diferentes do cérebro, a perda de uma área não tem repercursões nas outras.
Distinguem-se, geralmente, dois tipos de memória a longo prazo que dependem de estruturas cerebrais diferentes: a memória não declarativa e a memória declarativa.
Memória não declarativa: memória automática, que mantém as informações subjacentes á questão “Como?” (Como andar de bicicleta? Como lavas os dentes? Como apertar as sapatilhas? Como conduzir um carro?). Basicamente permite a execução dos comportamentos motores ao longo do dia.
Para executarmos estas atividades não é requerida a localização no tempo, nem reconhecimento, a não ser que nos perguntem, por exemplo, para explicarmos por palavras como se atam as sapatilhas. A maior parte destes comportamentos envolvem a atividade motora. A memória não declarativa é também designada por memória implícita ou de registo.
Memória declarativa: implica a consciência do passado, levando a reportarmo-nos a acontecimentos, fatos e pessoas que conhecemos/ aconteceram no passado. É devido a este tipo de memória que conseguimos nomear os países da união europeia, recordarmo-nos do nosso aniversário e até mesmo descrever todos os tipos de memória estudados em psicologia. Este tipo de memória reúne tudo o que podemos declarar por meio de palavras (daí o termo declarativa). Distinguem-se, neste tipo de memória, dois subsistemas: a memória episódica e a memória semântica.
Memória episódica- quando esta envolve eventos datados, recordações (rosto de amigos, pessoas famosas, músicas, factos e experiências pessoais), ou seja, relacionados com o tempo. Usamos a memória episódica, por exemplo, quando nos lembramos do ataque terrorista em 11 de Setembro ou do primeiro dia de escola. A memória semântica é, portanto, uma memória pessoal na qual que se manifesta uma relação íntima ente quem recorda e o que se recorda.
Memória semântica- Abrange a memória do significado das palavras. Este tipo de memória refere-se ao conhecimento geral sobre o mundo: fórmulas matemáticas, regras gramaticais, leis da química, factos históricos, etc... Neste tipo de memória não há localização no tempo (ao contrário da memória episódica), não está associada a nenhum conhecimento, ação ou fato especifico do passado. Por exemplo: 1+1 = 2 é um conhecimento em que se usa a memória semântica, contudo, se associarmos este raciocínio a quem me ensinou a fazer contas lembro-me da minha professora da primária. Este dado leva-me a usar a memória episódica.
A memória semântica é a co-participação do significado de uma palavra que possibilita às pessoas manterem conversas com significado. A memória semântica ocorre quando envolve conceitos atemporais.