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Portefólio de Psicologia

Portefólio de Psicologia

A Im-Persistência da Memória

13.05.22

Normalmente, o esquecimento é associado a uma falha mental. Ainda assim, sem o esquecimento ser-nos-ia impossível continuar a memorizar informação. Portanto, neste caso, o esquecimento serve como que um filtro daquilo que ainda nos é importante, a este processo designa-se por função seletiva e adaptativa. A própria memória também tem um carater adaptativo pois ela não memoriza tudo a que estamos expostos no dia-a-dia (a informação é transformada).

Existem três teorias que pretendem abordar a origem do esquecimento: por interferência de aprendizagem (como que uma reciclagem de informação), regressivo, e motivado.

 

Esquecimento regressivo

Uma das hipóteses avançadas para explicar o esquecimento reside no desaparecimento do traço mnésico registado no cérebro devido à passagem do tempo. O esquecimento teria origem na degenerescência dos tecidos cerebrais, que enfraquecerão devido à falta de repetição e de exercício.
Recentemente, investigações apontam para o facto de grande parte das deformações ocorrerem na forma como percecionamos os acontecimentos e não numa mudança no traço da memória.

 

 Acho que uma boa ilustração deste conceito é o quadro "A Persistência da Memória" de Salvador Dali, o quadro que serviu como trocadilho para o título deste post. Esta é uma pintura surrealista, do mesmo movimento que pretendia capturar a psique humana, a qual captura bem a decadência da memória. Através dos seus relógios distorcidos podemos distinguir as deturpações do tempo, estes já não vistos na sua forma original, mas sim num estado amolecido. Vou destacar a mosca pousada num dos relógios, passando a mensagem de que "o tempo voa" e com ele a nossa mente já não está tão lúcida quanto antes. As formigas presentes no relógio á esquerda reforçam a ideia da destruição da memória, devorando o relógio como se fosse um pedaço de comida. A disposição de objetos pouco usuais e um cenário pouco convencional pode estar ligada com o tema seguinte.
 

Esquecimento por interferência de novas aprendizagens

Nesta teoria, os conteúdos armazenados podem ser afetados pela aprendizagem e memorização de novas informações. Deixando a pessoa sem conseguir recordar determinado conteúdo porque este encontra-se " misturado " com outras recordações. Assim, o esquecimento seria provocado mais por influência das interferências do que do enfraquecimento do traço mnésico.

No entanto, as interferências não têm um efeito só negativo, pois determinados conhecimentos anteriores podem facilitar novas aprendizagens.

 

 
 
Esquecimento motivado
Segundo Freud, existem motivações inconscientes que nos levam a esquecer determinados conteúdos indesejáveis ou prejudiciais ao nosso bem-estar psicológico. Atuando basicamente como um mecanismo de defesa. Este processo designa-se por recalcamento. Os freudianos também argumentaram que, mesmo que as lembranças não pudessem ser acessadas, elas ainda causavam perturbações para o indivíduo no presente. A maneira de libertar as pessoas da dor dessas memórias era voltar, encontrar as experiências e revivê-las. Em teoria, os indivíduos que eram capazes de se lembrar de material oculto inconscientemente acabavam ficando mais confortáveis ​​ou mais livres de neuroses.
 
Uma das minhas séries de animação favoritas aborda exatamente este tipo de esquecimento. Denominada Gakkou Gurashi!, é um anime que foi criado com o fim de parecer uma série fofa e cómica sobre um grupo de meninas que vivem uma vida tranquila na sua escola. Inesperadamente, é descoberto no final do primeiro episódio que tudo se passa num universo pós-apocalíptico e que apenas tínhamos acompanhado o ponto de vista da protagonista Yuki, uma menina que se "esqueceu" da existência dos zombies após ficar traumatizada com a morte da sua professora. Ela vive na escola com outras sobreviventes (cada uma com a sua história), as quais decidiram "apoiar" a protagonista, fingindo um vida normal e sem perigo, e em que todos ainda estavam vivos.
Tal como acontece com o esquecimento motivado, aqui a personagem inconscientemente esquece os conteúdos traumatizantes com o fim de evitar a angústia e manter a sua estabilidade mental.

Esta série é bastante divertida pela premissa, pelo choque inicial, pelo roteiro e pelo suspanse de nunca saber quem e o que é real ou apenas fruto da imaginação da Yuki.
 
Com envelhecimento , as capacidades mnésicas diminuem em consequência da perda de qualidades progressiva dos tecidos cerebrais .
Surgem dificuldades em adquirir conhecimentos , novos evocação de nomes de pessoas conhecidas e acontecimentos de relativos ao passado recente . A capacidade de de atenção e concentração diminui .
 
Irei agora nomear algumas doenças ou situações que envolvem a perda de memória:
  • Alzheimer
  • Aterosclerose
  • Parkinson
  • Memória e Depressão
  • Demência
  • Défice de vitaminas
  • Coreia de Huntington
  • Complexo demencial da SIDA

Dentro deste tema, vale a pena mencionar o álbum experimental "Everywhere at the End of Time".

Uma produção com a duração de 6 horas e meia, criada pelo artista Leyland Kirby (The Caretaker) num intervalo de três anos. Um álbum propositalmente doloroso de ouvir, pois retrata com exatidão aquilo que uma pessoa com Alzheimer ou com demência pode sentir durante as várias fases da doença. Desta maneira, "Everywhere at the end of time" está dividido em 6 partes, cada uma representando uma fase.
Aprecio a forma como o artista compôs as músicas, recorrendo a vários simbolismos como ao uso de samples dos anos 30 e 40, pausas repentinas na música que sugerem que algo de mau está a acontecer, e por fim, o momento lúcido final do sujeito artístico, em que o mesmo, depois de tantas horas de confusão, desespero e vazio, consegue finalmente encontrar alguma clareza antes da morte. Um momento que é o mais assustador e o mais bonito do álbum ao mesmo tempo.
Conheci este album musical através deste vídeo no youtube (minuto 4:07):

 

Tipos de Memória

08.04.22

Nossa memória tem níveis diferentes de conservação temporal dos dados adquiridos. Alguns deles dissipam-se com a passagem dos anos, outros são mais difíceis de detetar, enquanto determinadas informações ficam meio apagadas e são arduamente reconstituídas. 

Atualmente os psicólogos afirmam que a memória está essencialmente dividida em dois tipos; estes conforme a sua extensão no tempo, as atividades do cérebro envolvidas no processo, o grau de conservação e os mecanismos neurológicos inclusos nesta operação. Dentro destes tipos de memória, existem também algumas componentes, as quais também serão abordadas.

 

Memória a curto prazo

 

Memória que, como o nome sugere, retém a informação durante um período limitado de tempo, podendo ser esquecida ou passar para a memória a longo prazo. Na memória a curto prazo distinguem-se duas componentes: a memória imediata e a memória de trabalho.

Memória Imediata: o material fica retido durante uma fração de tempo (cerca de 30 segundos), para posteriormente ser esquecido.

Memória de trabalho: neste tipo de memória mantemos a informação enquanto ela é útil. A memória de trabalho reporta as atividades mentais em que o objetivo não é a sua memorização, mas que, não obstante disso, implicam uma certa memorização para se poderem aplicar de modo eficaz. Este tipo de memória é utilizada, por exemplo, quando a professora pede que no dia seguinte cheguemos uma hora mais cedo, mantemos na memória esta informação, que irá ser esquecida depois de termos cumprido o pedido, ou seja, depois de chegar uma hora mais cedo. Conclui-se que se chama memória de trabalho à atividade de armazenamento e de utilização de informação ligada especificamente à realização de uma tarefa (um tipo de memória que trabalha).

 

Qualquer informação que tenha estado na memória a curto prazo e que se perca, estará perdida para sempre, só se mantendo se passar para a memória de longo prazo.

 

Memória a longo prazo

 

Este tipo de memória é nutrida pelos materiais da memória a longo prazo que são codificados em simbolos. A memória a longo prazo retém os materiais durante horas, meses ou toda a vida.

Na memória a longo prazo há diferentes modalidades de armazenamento da informação para diferentes registos: visual, auditivo, tátil e ainda da linguagem do movimento, e visto que as memórias com origens diferentes são armazenadas em áreas diferentes do cérebro, a perda de uma área não tem repercursões nas outras.

Distinguem-se, geralmente, dois tipos de memória a longo prazo que dependem de estruturas cerebrais diferentes: a memória não declarativa e a memória declarativa.

  

Memória não declarativa: memória automática, que mantém as informações subjacentes á questão “Como?” (Como andar de bicicleta? Como lavas os dentes? Como apertar as sapatilhas? Como conduzir um carro?). Basicamente permite a execução dos comportamentos motores ao longo do dia.

 Para executarmos estas atividades não é requerida a localização no tempo, nem reconhecimento, a não ser que nos perguntem, por exemplo, para explicarmos por palavras como se atam as sapatilhas. A maior parte destes comportamentos envolvem a atividade motora. A memória não declarativa é também designada por memória implícita ou de registo.

 

Memória declarativa: implica a consciência do passado, levando a reportarmo-nos a acontecimentos, fatos e pessoas que conhecemos/ aconteceram no passado. É devido a este tipo de memória que conseguimos nomear os países da união europeia, recordarmo-nos do nosso aniversário e até mesmo descrever todos os tipos de memória estudados em psicologia. Este tipo de memória reúne tudo o que podemos declarar por meio de palavras (daí o termo declarativa).  Distinguem-se, neste tipo de memória, dois subsistemas: a memória episódica e a memória semântica.

Memória episódica- quando esta envolve eventos datados, recordações (rosto de amigos, pessoas famosas, músicas, factos e experiências pessoais), ou seja, relacionados com o tempo. Usamos a memória episódica, por exemplo, quando nos lembramos do ataque terrorista em 11 de Setembro ou do primeiro dia de escola. A memória semântica é, portanto, uma memória pessoal na qual que se manifesta uma relação íntima ente quem recorda e o que se recorda.

Memória semântica- Abrange a memória do significado das palavras. Este tipo de memória refere-se ao conhecimento geral sobre o mundo: fórmulas matemáticas, regras gramaticais, leis da química, factos históricos, etc... Neste tipo de memória não há localização no tempo (ao contrário da memória episódica), não está associada a nenhum conhecimento, ação ou fato especifico do passado. Por exemplo: 1+1 = 2 é um conhecimento em que se usa a memória semântica, contudo, se associarmos este raciocínio a quem me ensinou a fazer contas lembro-me da minha professora da primária. Este dado leva-me a usar a memória episódica.

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A memória semântica é a co-participação do significado de uma palavra que possibilita às pessoas manterem conversas com significado. A memória semântica ocorre quando envolve conceitos atemporais.

A Memória

08.04.22

Memória é o nome dado ao conjunto de processos e estruturas que codificam, armazenam e recuperam informações sensoriais, experiências. Desta forma, a memória é a capacidade do cerebro armazenar, reter e recordar a informação.

É a nossa memória que retém conhecimentos, informações, ideias, acontecimentos, encontros, o que nos torna unicos e constitui o nosso património e identidade pessoal. Para além disso, é a memória que nos permite, sempre que precisamos, atualizar a informação necessária para dar resposta ao desafios do meio. Aprendemos então a lidar com o meio e é a memória que atualiza, sempre que precisamos, os comportamentos aprendidos adaptados á situação.

Processos da memória

Cabe ao cérebro selecionar o que é relevante para assegurar a própria sobrevivência do individuo e da espécie. Se registássemos e recordássemos todos os estímulos, seríamos incapazes de responder adequadamente ao que efetivamente é importante.

O que o cérebro determina como importante, ou não, ocorre no processo percetivo propriamente dito e no processamento da informação:

  1. Codificação
  2. Armazenamento
  3. Recuperação

Analisemos mais detalhadamente cada um destes estádios na formação e recuperação da memória:

  • Codificação: é a 1ª operação da memória que prepara as informações sensoriais para serem armazenadas no cérebro. Consiste na tradução de dados num código que pode ser acústico, visual ou semântico.

A codificação reporta-se também á apredizagem deliberada, isto é, a aprendizagem de algo que exige esforço e que temos como objetivo declarado memorizar. Nesta caso, atenção que dedicamos ás informações a memorizar implica uma codificação mais profunda.

  • Armazenamento: cada um dos elementos que constituem a memória está registado em várias áreas cerebrais, registado em diferentes códigos, contribuindo cada um deles para formar uma recordação.
    Quando uma experiencia é codificada e armazenada, ocorrem modificações no cérebro de que resultam traços mnésicos designados por engramas. Cada informação produz modificações nas redes neuronais que, mantendo-se, permitem que se recorde o que se memorizou, sempre que necessário. Para que uma informação se mantenha de modo permanente e estável é necessário tempo. O processo de fixação é complexo, estando o material armazenado sujeito a modificações continuas.

Recuperação: nesta etapa, recupera-se a informação, lembramo-nos, recordamo-nos, evocamos uma informação.

Existem dois tipos de recordações: aquelas que nos vêm automáticamente á memória (Quantos anos tens?) e aquelas que requerem algum esforço (Quais os processos de mundialização?).

Nos casos de maior esforço tentamos associar a pergunta a alguma coisa para que a recordação seja mais fácil, ocorrendo o processo de reconhecimento, de seguida, após associarmos as coisas, iremos tentar lembrar exatamente daquilo que estas significam, o que se chama de invocação.

5 maneiras cientificamente comprovadas de melhorar a memória - Revista  Galileu | Life Hacks